A MEDIOCRIDADE EXISTENCIAL
A MEDIOCRIDADE EXISTENCIAL
Mais um texto filosófico de profundidade de Oliver Harden.
Agora explicitando seu pensamento em relação ao vazio existencial que o ser humano sofre pela ignorância e alienação do seu existir desprovido de sentido.
O sentido da existência, no meu entender, não pode ser coletivo e universal... é individual.
Mas a partir da sua condição inerente de ser social, naturalmente imposta desde os primórdios
de hominídio por necessidade de sobrevivência, o Homo erectus e posteriormente sapiens teve que abdicar da sua primazia individual.
Desde então não vive sua autenticidade e sim a vontade do grupo social a que pertence. Se esse grupo é superficial e medíocre, a tendência imperativa é acompanhar e se tornar medíocre e superficial.
O grande problema advindo dessa constatação é que, em regra, a convivência social é regida pela lei da acomodação, do mais fácil, do mais superficial.
Impõe-se a necessidade de manter as concepções, juízos, convicções e intuições do indivíduo humano enquanto entidade autônoma e singular.
Valores éticos, morais, religiosos e de direito são criados e regidos pelo agrupamento social.
Mas é preciso que o indivíduo racional consiga discernir e ter a liberdade de respeitar e seguir suas ideias e princípios essenciais sem ter que entrar em conflito com o meio social no qual vive.
Caso contrário, tal indivíduo pode ser considerado mais uma rês no gado humano medíocre e superficial que avança sem noção e sem ver além do rabo do seu semelhante que vai à frente..
Marco Antônio Abreu Florentino
A seguir, o profundo e magistral texto de Oliver Harden:
DIALÉTICA DO VAZIO: UMA REFLEXÃO SOBRE A EXISTÊNCIA
Em meio à vastidão da existência, encontro-me frequentemente questionando os fundamentos que sustentam nossa percepção de realidade. O que é a vida senão um enigma envolto em camadas de significados? Muitos dos quais parecem dissolver-se à medida que os examinamos mais de perto.
Há uma imensidão de vazio que se esconde sob as superfícies polidas de nossas certezas, uma ausência de sentido que desafia a conformidade com o raso e o medíocre.
Vivemos em uma era saturada de informações, onde a profundidade é muitas vezes sacrificada no altar da superficialidade. A conformidade com o raso tornou-se uma epidemia silenciosa, onde o pensamento crítico é sufocado por uma avalanche de banalidades. A mediocridade, com sua promessa de segurança e aceitação, nos seduz a abandonar a busca pela grandeza ideal do pensamento.
E, no entanto, é precisamente essa busca que nos define como seres humanos, que nos eleva acima da mera sobrevivência e nos conduz ao reino da verdadeira compreensão.
A imensidão do vazio de significados é uma paisagem desoladora, mas também uma tela em branco, uma oportunidade para a criação. Na ausência de respostas prontas, somos desafiados a questionar, a explorar, a inventar.
A grandeza do pensamento reside na sua capacidade de transcender o óbvio, de penetrar nas profundezas do desconhecido e de emergir com novas visões, novas verdades. É um ato de rebeldia contra a conformidade, uma afirmação da nossa capacidade de imaginar e de transformar.
A sensibilidade, por sua vez, é a chave que nos permite navegar por essa imensidão de vazio. É através dela que sentimos a textura das experiências, que percebemos as nuances das emoções, que captamos a beleza e a dor do mundo. A sensibilidade é a nossa conexão com o sublime, com o que está além da mera aparência. É a capacidade de ver o extraordinário no ordinário, de encontrar significado no aparentemente insignificante.
No entanto, a sensibilidade também nos expõe à fragilidade da existência. Sentir profundamente é estar vulnerável, é reconhecer a impermanência de todas as coisas. Mas é precisamente essa vulnerabilidade que nos dá a coragem de viver autenticamente, de abraçar a incerteza e de encontrar beleza na transitoriedade.
A grandeza ideal do pensamento e a capacidade da sensibilidade são, portanto, as nossas maiores ferramentas na luta contra o vazio de significados. Elas nos permitem não apenas questionar a existência, mas também moldá-la, dar-lhe forma e substância. Através delas, transcendemos a mediocridade e nos aproximamos da verdadeira essência do ser.
Em última análise, a existência é um convite à criação, um desafio a encontrar sentido em um universo indiferente. É uma dança entre o vazio e o pleno, entre a dúvida e a certeza, entre a conformidade e a rebeldia. Devemos, então, viver essa dança com inteligência e sensibilidade, questionando sempre, mas também criando, transformando, elevando-nos acima do raso e do medíocre.
Somos instigados a abraçar a imensidão do vazio não como uma sentença de desespero, mas como uma oportunidade de descobrir novas profundidades, de explorar novas possibilidades.
Pois é na interseção entre o pensamento e a sensibilidade que encontramos a verdadeira grandeza da nossa humanidade, a capacidade de dar significado ao que, à primeira vista, parece desprovido de sentido.
Oliver Harden
https://youtu.be/L2bINZ0G_yI
(Poema - Casusa e Frejat - canta Ney Matogrosso)
Marco Florentino
Enviado por Marco Florentino em 29/08/2025