Marco Florentino
Em prosa e verso
Textos
MORANGUINHO DE CAMPINA GRANDE
MORANGUINHO DE CAMPINA GRANDE

Já faz tempo, talvez quarenta ou mais anos. Numa cidade pujante no
interior nordestino, um oficial da reserva da aeronáutica foi
administrar o aeroporto da cidade, a segunda da Paraíba.

Levou sua família: mulher e dois filhos desse casamento de tantos
momentos felizes. Os outros três filhos, a primogênita e dois rapazes,
já casados e com suas vidas em curso, não lhe acompanharam.

Os dois caçulas, uma garota inteligente, arguta e comunicativa,
juntamente com seu irmão Saulinho, um rapaz igualmente sagaz, porém
mais reservado, acompanhavam os pais em mais essa mudança, já
acostumados a tantas em suas vidas pela itinerância do pai, militar da
aeronáutica e suas inúmeras transferências, inclusive para o exterior.

Saulinho, um jovem bonito e bem apessoado, logo chamou a atenção das
garotas da cidade, entretanto. pela sua natureza discreta, não se
deixava levar pelas tentações femininas típicas e inerentes à sua
idade.

Se apaixonou, perdidamente, por uma pequena muito especial, pela
inteligência, beleza, criação educação e meiguice... Silene.

O amor explodiu juntamente com os hormônios de uma juventude poderosa
e consciente de seus quereres, desejos e perspectivas.

Namoro a pleno vapor. No dia do aniversário de Saulinho, um domingo
despretensioso,o gajo, ao acordar, se depara com uma faixa enorme na
frente do apartamento onde morava com os dizeres: ¨PARABÉNS
MORANGUINHO... TE AMO MUITO¨.

Não sei qual foi o resultado e consequências imediatas dessa ação. O
fato é que se casaram, tiveram três filhos adoráveis e lindos e pelo
que sei, até hoje se tratam como namorados.

O burlesco dessa linda história de amor é que, algum tempo depois, ao
visitarem a cidade de Belém do Pará, onde se encontrava a maior parte
da família do venturoso, foram passar uns dias no balneário bucólico e
mais próximo da capital... a praia de Mosqueiro, uma praia de rio,
muito comum na região amazônica.

Estavam lá sua mãe, irmãos e cunhados. Um deles, muito querido da
família, de nome Monte, alugou uma casa na praia. Ao chegar,
encontraram a referida, apesar de mobiliada, em péssimas condições de
higiene. Todos se mobilizaram para limpar e tornar o ambiente mais
agradável.

Durante e depois da labuta inesperada, todos os que apreciavam o
néctar maltado dos deuses, a cefessa, não se fizeram de rogados,
principalmente a matriarca do grupo... Helenilda. Beberam todas e
depois foram para o banho de rio após o anoitecer.

De volta, cada qual se aninhou como pode para passar a noite. Como
sempre acontece, deu tudo certo... todos se acomodaram.

Altas horas da noite, de repente ouviu-se uma voz. Deu pra perceber
que era do Monte: ¨Moranguiiiiiiinho, eu te amo¨.

Pronto, bastou para que o resto da noite todos bradassem...
¨moranguiiiiinho, eu te amo¨.

Assim foi a noite toda, uma noite inesquecível e divertida mas que,
somente com mais cefessa, foi possível aguentar o dia seguinte.

Marco Antônio Abreu Florentino

https://youtu.be/QI92HlHjQ9M
(Morango do Nordeste - Lairton)
Marco Florentino
Enviado por Marco Florentino em 02/02/2025
Alterado em 03/02/2025
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