MORANGUINHO DE CAMPINA GRANDE
MORANGUINHO DE CAMPINA GRANDE
Já faz tempo, talvez quarenta ou mais anos. Numa cidade pujante no
interior nordestino, um oficial da reserva da aeronáutica foi
administrar o aeroporto da cidade, a segunda da Paraíba.
Levou sua família: mulher e dois filhos desse casamento de tantos
momentos felizes. Os outros três filhos, a primogênita e dois rapazes,
já casados e com suas vidas em curso, não lhe acompanharam.
Os dois caçulas, uma garota inteligente, arguta e comunicativa,
juntamente com seu irmão Saulinho, um rapaz igualmente sagaz, porém
mais reservado, acompanhavam os pais em mais essa mudança, já
acostumados a tantas em suas vidas pela itinerância do pai, militar da
aeronáutica e suas inúmeras transferências, inclusive para o exterior.
Saulinho, um jovem bonito e bem apessoado, logo chamou a atenção das
garotas da cidade, entretanto. pela sua natureza discreta, não se
deixava levar pelas tentações femininas típicas e inerentes à sua
idade.
Se apaixonou, perdidamente, por uma pequena muito especial, pela
inteligência, beleza, criação educação e meiguice... Silene.
O amor explodiu juntamente com os hormônios de uma juventude poderosa
e consciente de seus quereres, desejos e perspectivas.
Namoro a pleno vapor. No dia do aniversário de Saulinho, um domingo
despretensioso,o gajo, ao acordar, se depara com uma faixa enorme na
frente do apartamento onde morava com os dizeres: ¨PARABÉNS
MORANGUINHO... TE AMO MUITO¨.
Não sei qual foi o resultado e consequências imediatas dessa ação. O
fato é que se casaram, tiveram três filhos adoráveis e lindos e pelo
que sei, até hoje se tratam como namorados.
O burlesco dessa linda história de amor é que, algum tempo depois, ao
visitarem a cidade de Belém do Pará, onde se encontrava a maior parte
da família do venturoso, foram passar uns dias no balneário bucólico e
mais próximo da capital... a praia de Mosqueiro, uma praia de rio,
muito comum na região amazônica.
Estavam lá sua mãe, irmãos e cunhados. Um deles, muito querido da
família, de nome Monte, alugou uma casa na praia. Ao chegar,
encontraram a referida, apesar de mobiliada, em péssimas condições de
higiene. Todos se mobilizaram para limpar e tornar o ambiente mais
agradável.
Durante e depois da labuta inesperada, todos os que apreciavam o
néctar maltado dos deuses, a cefessa, não se fizeram de rogados,
principalmente a matriarca do grupo... Helenilda. Beberam todas e
depois foram para o banho de rio após o anoitecer.
De volta, cada qual se aninhou como pode para passar a noite. Como
sempre acontece, deu tudo certo... todos se acomodaram.
Altas horas da noite, de repente ouviu-se uma voz. Deu pra perceber
que era do Monte: ¨Moranguiiiiiiinho, eu te amo¨.
Pronto, bastou para que o resto da noite todos bradassem...
¨moranguiiiiinho, eu te amo¨.
Assim foi a noite toda, uma noite inesquecível e divertida mas que,
somente com mais cefessa, foi possível aguentar o dia seguinte.
Marco Antônio Abreu Florentino
https://youtu.be/QI92HlHjQ9M
(Morango do Nordeste - Lairton)
Marco Florentino
Enviado por Marco Florentino em 02/02/2025
Alterado em 03/02/2025