Marco Florentino
Em prosa e verso
Textos
O SEGREDO BEM GUARDADO DOS PARDAIS
O SEGREDO BEM GUARDADO DOS PARDAIS

Nem o mais brilhante olhar lá nas entranhas  do céu
Nem a estrela guia lá do fundo do oceano azul
Nem o ouro que escorre da borda do mel
poderá Revelar os segredos dos bárbaros pardais
nem ocultar as notícias que havia nos folhetins do Pão
nem as palavras que saiam das bocas impregnadas de fel
em cada fornalha , depois da lua nova oferecida Por acaso
no avarandado de um bar.
Não , Nem o não do mais profundo silêncio da noite
Nem o sim da explosão de super novas
Nem o branco do mais puro papel ofício
Revelará!
Há 20 anos eles se reuniram e fundaram a nova padaria espiritual.

Luiz Cesar Nogueira de Carvalho

RESPOSTA:

A humanidade acredita, através de seus pensadores, cientistas e religiosos, ter resolvido a eterna questão das dualidades: matéria - espírito; corpo - alma e Deus - homem.

Em verdade, ainda está distante tal solução, pois perpassa obrigatoriamente pelo self humano, afinal, em última análise, a procura da felicidade torna-se o ponto fundamental e convergente deste assunto.

Longe de uma análise religiosa, no meu entender a questão foi, é e sempre será ÉTICA. Ora, no bojo de tudo, as paixões e sentimentos humanos são aflorados não só espiritualmente, na sua essência (alma), mas também organicamente, veiculados através dos fluidos, secreções, despojos, excreções... e quem há de negar que esta ou aquela lhe é superior?

A felicidade se faz sentir primeiramente na carne, anunciada previamente pelo sentimento hedônico, para posteriormente penetrar nos meandros invisíveis do éter humano.

Talvez este pensamento tenha influência no meu materialismo dialético (concepção filosófica que defende que o ambiente, os organismos e fenômenos físicos, tanto modelam os animais, os seres humanos, sua sociedade e sua cultura quanto são modelados por eles. Ou seja, que a matéria está em relação dialética com o psicológico e social, em oposição ao idealismo ao acreditar que o ambiente e a sociedade tem base no mundo das ideias, como criações divinas, seguindo as vontades das divindades ou outra força sobrenatural), mas não se pode negar sua lógica intrínseca.

Na literatura, Augusto dos Anjos, com a exacerbação do EU orgânico, carnal e material e GOETHE, com sua obra FAUSTO (onde um velho filósofo em busca da felicidade, transfigurada e projetada no amor a Margarida, vende sua alma ao diabo para que pudesse rejuvenescer e viver as paixões perdidas, reencontradas e novamente perdidas) representam, de forma genial e universal, a condição humana dual.

É desnudando despudoradamente todas as formas de criações da mente, nos seus mais remotos cantos, claros e escuros, é que podemos ter uma tênue esperança de sermos felizes.

É isso que nós quatro fazemos todos os dias.

Marco Antônio Abreu Florentino
OBS: Recado para três padeiros da Nova Padaria Espiritual.

Fortaleza, 16 de maio de 2005

NOTA ATUAL (29/11/2021): Mesmo passados quase dezessete anos, continuamos fazendo isso todos os dias, como pardais e agora, talvez, condores.
Marco Florentino e Luiz Cesar Nogueira de Carvalho
Enviado por Marco Florentino em 29/11/2021
Alterado em 26/05/2022
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