Marco Florentino
Em prosa e verso
Textos
ONDE ANDA O RATINHO FEIO?
ONDE ANDA O RATINHO FEIO?

Em tempos sombrios, quando conspirações palacianas são engendradas visando a tentativa de golpe (na verdade um auto golpe), planejado maquiavelicamente por forças nazifascistas (mesmo sem o saber devido a ignorância), lideradas por um  beócio mandrião psicopata terrorista e bandido miliciano saído das entranhas do submundo carioca, é bom relembrar o último golpe orquestrado pelos ratos de esgoto do congresso como Romero Jucá, Eduardo Cunha, Michel Temer e o restante da caterva que se instalou na vida política do país, contra o governo de Dilma Rousseff.
  O RATINHO FEIO
            Dia abençoado, dia alvissareiro... nasceu Robério Jubiabá, o centésimo trigésimo sétimo filho do casal de classe média mais festejado da colônia de ratos do subúrbio de uma grande cidade do nordeste, de um país exótico da América do Sul. Foi festa para uma semana, com frevo e tudo, porém, onze meses depois percebia-se claramente uma alteração no seu crescimento e desenvolvimento. Além disso era exageradamente feio, de doer, causando mal estar até em seus pais, que não entendiam tal fenômeno.
            Robério Jubiabá, já conhecido com RJ, tinha um retardo no seu desenvolvimento pondero estatural. Os pediatras roedores não sabiam explicar a causa, o fato é que RJ cresceu abaixo da estatura esperada para ratos da sua ordem e feio além da conta. À medida que tomava consciência disso, sofria com a possibilidade de ser confundido e chamado de camundongo. Na adolescência admirava as ratazanas enormes que desfilavam diante de seus olhos pelos corredores escuros dos buracos fedorentos que frequentava e vivia, mas elas sequer o olhavam de soslaio... passavam por cima dele.
            Muito bem, apesar da pequena estatura, RJ tinha uma inteligência mediana e conseguiu se formar no segundo grau. Já o vestibular era muito pra ele, mas por meios desconhecidos e misteriosos entrou para o curso de economia, sabe lá Deus como, e se formou. Chegou inclusive a trabalhar na receita federal da ratolândia.
            Através de influências políticas, visto que tinha a seu favor uma oratória convincente, recheada de retórica, conseguiu se eleger deputado por outro território estado, de povo incauto, e se instalou na capital da ratolândia. Lá encontrou terreno fértil para desenvolver suas habilidades naturais de rato, apesar de continuar sendo um ratinho. Mantinha o sonho de ser uma ratazana grande e bonita aos olhos do seu povo.
            No congresso federal da ratolândia conheceu um colega de desventura chamado Ducado Cunhoz, vulgo DUCU pela junção das iniciais do seu nome. Ducu logo conquistou a simpatia de RJ  que começou a contar com sua colaboração e proteção. Quis o destino que a Ratolândia, então governada pela rainha de copas, aquela que, apesar de honesta, queria cortar as cabeças de quem a contrariava devido sua arrogância e autoritarismo, opositora de RJ, entrou numa crise política sem precedentes por causa de corrupção exageradamente desvairada.
            Robério, que já tinha sido corrompido e que também corrompeu, considerando a possibilidade de puxar o tapete da rainha, tratou de se juntar às ratazanas que tanto admirava, pra colocar em prática o plano de golpe que há muito tempo vinha sendo orquestrado nas entranhas escorregadias dos bastidores escuros do congresso.
           Até que, finalmente, com o apoio do bruxo traidor conhecido como Miguel das Trevas, vice e braço direito da rainha e que, segundo a lenda passada de boca a boca era um vampiro sugador desde a idade média, conseguiu derrubar a alvoroçada monarca.
            Miguel das Trevas assumiu provisoriamente o poder, o que causou uma sofreguidão indescritível no RJ, afinal, pela primeira vez em sua vida estava se sentindo como uma ratazana grande e invencível. Virou ministro de estado. Dizem as bocas pequenas de más línguas que se masturbou durante setenta e duas horas seguidas até a completa exaustão.
            Mas como em todo embuste, o sonho durou pouco. Gepeto, um político também nordestino, um cearense cabra da peste, deixou vazar conversas comprometedoras que causaram sua queda imediata das esferas do poder. RJ ficou arrasado, nunca pensou que seria traído tão rapidamente. Sua permanência no poder bateu o recorde no diminuto período em que se manteve como ratazana.
            Voltou a ser ratinho, continuou feio e desprezível, só que agora todos lhe chamam de camundongo. O estranho veio por conta do seu nariz, que devido a Gepeto, cresceu além da conta, deixando-o mais feio ainda.
            Por onde anda Robério? Ninguém sabe, ninguém viu. Parece que não quer mais ficar exposto na mídia por recomendações e motivos de segurança judicial.

Marco Antônio Abreu Florentino
Marco Florentino
Enviado por Marco Florentino em 05/03/2021
Alterado em 05/03/2021
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