Marco Florentino
Em prosa e verso
Textos
PMDB: AS RATAZANAS PEDEM PASSAGEM
PMDB: AS RATAZANAS PEDEM PASSAGEM

           Em recente artigo intitulado ¨Ratos de Navio¨, procurei analisar e sintetizar a origem da corrupção no Brasil desde sua descoberta, mostrando que a cultura da corrupção, atualmente presente na essência da sociedade brasileira, tem causas diversas e complexas que estão enraizadas na formação do povo brasileiro, mesmo antes da sua criação como nação.
           Escrevi, na ocasião, que a história da corrupção no Brasil tem seu registro inicial no século XVI através dos funcionários públicos encarregados de fiscalizar o contrabando e outras transgressões contra a coroa portuguesa que, ao invés de cumprirem suas funções, acabavam praticando o comércio ilegal de produtos brasileiros como pau Brasil, especiarias, tabaco, ouro e diamante.
           Continuou com com a utilização da mão de obra escrava na agricultura brasileira e na produção do açúcar, a corrupção eleitoral na concessão de obras públicas no final do segundo império e início da república, continuando no início do século XX  com as mais variadas formas de corrupção e chegando aos nossos dias com o descalabro que hoje assistimos num misto de estupefação, incredulidade, revolta e, algumas vezes, até com certa indiferença, como já se já soubéssemos, mesmo que inconscientemente, de todas essas graves e extensas denúncias.
           Esta última impressão fez com eu concluísse pela conivência velada do povo e da sociedade brasileira com esse comportamento corrupto, opinião que já tinha sido expressada em outro artigo escrito em 2008 - O Eterno Retorno, no qual fazia a ligação da situação comportamental do povo brasileiro ao ¨Discurso da Servidão Voluntária¨ de Etienne de La Boétie (1549) sobre a subserviência consentida e consciente aos desmandos de governantes, políticos e líderes populares e populistas, como grassa no Brasil a olhos vistos, caracterizando esses como o fatídico ¨TIRANO¨ citado na obra de La Boétie.
           Comentei também que a novidade ficava por conta da atuação dos órgãos de repressão aos crimes de corrupção, como a Polícia Federal e o Ministério Público e as consequentes prisões dos envolvidos, mesmo os detentores de poder, influência e dinheiro, proporcionando cenas, quase todos os dias, de um teatro tragicômico, que só não é mexicano por se passar em terras tupiniquins, em que os réus e acusados choram, ameaçam, adoecem, agridem, calam e assumem o mais variados comportamentos, alegando dignidade, honra, memória do pai ou familiares e outras falas retóricas, sempre insistindo e partindo do pressuposto da inocência, agindo como verdadeiros ratos de navio, que entram escondidos e protegidos pelas sombras, se instalam nos porões fazendo um terrível estrago à embarcação e são os primeiros a pular fora diante do iminente naufrágio.
           Esse comportamento teatral nunca foi novidade entre nós, porém, nos mais recentes acontecimentos políticos envolvendo o governo e sua eventual queda, pela justiça (como querem os legalistas) ou não (como querem os golpistas, oportunistas e incautos)  estava faltando a principal cena dramática e cômica da debandada geral do maior partido do país, o PMDB, como base de apoio ao governo no congresso.
           O dia demorou mas chegou. Esses calhordas que se locupletaram mamando nas tetas do poder através do PT como autênticas prostitutas, mostraram suas caras... e não são nada bonitas. Estão agindo conforme a sua natureza de ratazanas que nem podem ser comparados aos ratos de navio, pois estes assumem que entram na embarcação protegidos pelas sombras e depois se escondem, enquanto aqueles entram no navio pelo portaló, com todos os holofotes e ao som de fanfarras.
           Não se escondem mas, nos primeiros sinais de naufrágio, tratam de fugir para os escaleres... e ainda pedem ajuda aos outros passageiros para que os desçam ao mar.
Talvez não saibam dos furos que esses pequenos barcos apresentam, estando fadados também ao naufrágio e provavelmente à morte por afogamento.

Marco Antônio Abreu Florentino  
Marco Florentino
Enviado por Marco Florentino em 30/03/2016
Alterado em 30/03/2016
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