Marco Florentino
Em prosa e verso
Textos
A QUEM INTERESSAR POSSA...
A QUEM INTERESSAR POSSA...

           Certa vez, um professor de propedêutica médica, cardiologista já idoso, muito culto e experiente afirmou: -¨Política é coisa pra gente que não tem vergonha na cara, geralmente ladrões, etc...etc... gente decente não deve se meter em política¨.
           Apesar do meu grande respeito por ele até hoje, mesmo já não estando entre nós, tive que discordar:- Doutor, mas se pessoas sérias e honestas não se envolverem em política, vamos continuar reféns de um estado dirigido por vermes nos quais, chamá-los de incompetentes e exímios elementos de mau caráter, seria, no mínimo, abrandar suas ¨qualidades¨.
           O contrário ocorre com artistas de grande talento: músicos, escritores, pintores, poetas... incluo também técnicos e profissionais de diversas áreas, até mesmo autodidatas, escondidos no anonimato de uma sociedade que supervaloriza o espetáculo. Urge que sejam identificados e reconhecidos, principalmente nesses tempos em que qualidade humana é pura retórica.
           Partindo deste raciocínio, em todos esses anos de trabalho (mais de 35) como professor, médico, militar, bancário, perito, auditor... em vários estados e instituições, privadas ou públicas, constatei que, infelizmente, no nosso país, o determinante de valor do indivíduo, enquanto trabalhador, artista, pensador, cidadão ou pessoa, continua sendo critérios de superfície como: posição social, influência política, favorecimentos pessoais, discurso retórico, aparências e coisas do tipo.
           Fico impressionado em perceber nas grandes empresas, ao contratar ou mesmo remanejar / transferir internamente seus funcionários, a inexistência de critérios objetivos ou de pelo menos a preocupação em conhecer suas histórias laborais... as de vida então nem pensar, desprezando os currículos e considerando-os como uma mera formalidade. Resultado: grandes talentos neste país são muitas vezes humilhados, vilipendiados, sub utilizados, ironizados e injustiçados.
           O que vejo é uma multidão de colegas e amigos ¨defendendo o do pão e ainda agradecendo a mão¨. Caberia uma reação dos homens de bom senso e boa vontade, coisa difícil de acontecer numa nação de povo subserviente e servil.

Marco Antonio Abreu Florentino

Texto escrito em Janeiro de 2007 e que me parece bem atual.
Marco Florentino
Enviado por Marco Florentino em 15/12/2015
Alterado em 15/12/2015
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