O DESPERTAR DO ARTISTA

          O que faz olvidar um artista talentoso para depois despertar, tal qual fênix, num esplendor iluminado por refletores espalhados na ribalta de uma vida que se anuncia obstinada e vasca de tantas e tantas idas e vindas?
         É uma questão para refletir sobre a plasticidade estética de inúmeras obras de arte que permanecem no anonimato, às vezes nunca descobertas e valorizadas. Essa é uma questão hermenêutica de difícil entendimento, visto que envolve os três pilares de uma obra de arte, a saber: O autor, a obra de arte em si e a interpretação ou ponto de vista das pessoas que admiram referida obra.
         Quanto ao primeiro e terceiro pilares gostaria de ressaltar a importância de certos artistas em nossas vidas, fazendo com que nosso percurso existencial se torne mais suave e nosso caminho mais florido.
         São artistas que excedem em qualidade, seja nos valores estéticos e éticos forjados no inconsciente coletivo de uma evolução gradual incrustada na racionalidade do ser pensante, seja nos próprios valores humanos, cujas virtudes são instaladas na medida em que o homem se coloca à frente de uma coletividade necessária à sua sobrevivência enquanto ser social.
         Tais artistas, muitas vezes contingentes, sempre se tornam necessários em nossas vidas, morando permanentemente em nossos corações e mentes, mesmo quando já não fazem parte do nosso dia a dia, estimulando nossa memória a uma projeção constante de um passado que se faz momento.
         Nesse raciocínio podem estar representados nossos pais, irmãos, amigos, filhos, cônjuge, chefes... não importando sua condição relacional mas a grandeza d´alma. São pessoas que deixam marcas indeléveis no mundo, no nosso mundo, criando assim, melhores condições de suportabilidade existencial, auxiliando, de certa forma, nossa perene procura pela tão almejada felicidade.
         Particularmente, me sinto privilegiado em fazer parte deste balet que busca o mais perfeito movimento em cada passo.

Marco Antônio Abreu Florentino