Marco Florentino
Em prosa e verso
Textos
SOBRE A VERDADE
SOBRE A VERDADE

¨E CONHECEREIS A VERDADE E A VERDADE VOS LIBERTARÁ¨ (João 8:32).
         O que é a verdade?
         Cada dia que passa fico mais convencido da impossibilidade de encontrarmos uma resposta consistente e ¨verdadeira¨ sobre a verdade. Sempre foi um dos questionamentos centrais da filosofia. Desde o inicio do pensar humano ocidental, o Pré Socrático Parmênides de Eléia afirmava: o ser é, o não ser não é.
Segundo Josué Silva: ¨Apenas o ser pode ser pensado, já que o não-ser não é. Se eu não consigo ter uma ideia do que a coisa é, não posso pensá-la - e o que não pode ser pensado não é ser. Daí Parmênides conclui que só o ser é - e que o não-ser não é. Dessa verdade ele deduz outras:
1) O ser é todo inteiro - se o ser tivesse partes, algo nele seria separado, não fazendo parte do ser, mas isso seria não-ser. Consequentemente, o ser, sendo uno e indivisível, não pode ter partes.
2) O ser é imutável - o ser não pode ter surgido do não-ser ou tornar-se não-ser, já que o ser só pode ser idêntico a si mesmo - e não pode ser e não-ser ao mesmo tempo. Acreditar que o ser foi gerado significa dizer que houve um tempo em que o ser era não-ser, o que é contraditório. Logo, o ser é eterno, sem começo nem fim¨ (Josué Cândido da Silva, Página 3 Pedagogia & Comunicação - 20/06/2008).
         A questão atravessou a antiguidade, perpassando pela lógica aristotélica, pelo período medieval com forte influência tomista (Tomás de Aquino), atingiu a era moderna com o ¨res cogito¨ cartesiano (penso, logo existo), o empirismo de Hume, o transcendentalismo de Kant e o absoluto de Hegel para chegar na contemporaneidade evidenciada pela analítica da linguagem com a instrumentalização da lógica e a tentativa da compreensão Heideggeriana (Martin Heidegger) sobre ¨A Essência da Verdade¨ ... e ai ficamos.
         Continuo a perguntar: o quer é a verdade?
         Por comodismo, tendo para o pensamento Nietzscheano (Friedrich Nietzsche). Para este pensador a ¨verdade¨ é um ponto de vista, ou seja, não define e nem aceita definição da ¨verdade¨, porque diz que não se pode alcançar uma certeza sobre isso.
         Penso a vida assim... nunca temos a certeza de nada. As coisas ou os fatos ora se apresentam como ficção, ora como realidade. Os personagens que representam nesse palco da vida podem ou não ser reais, inclusive seus autores. Incluo aqui os comentaristas, o que ainda piora a situação por não sabermos se expressam seus verdadeiros sentimentos e opinião.
         Em verdade vos digo, apesar de toda nossa experiência racional e histórica, às vezes me sinto na mesma situação de Descartes e começo a duvidar se eu mesmo existo, se não faço parte do sonho de um ¨gênio maligno¨... ou quem sabe benevolente? Será que sou eu a escrever este texto? Não poderia ser igual a um personagem de MATRIX?
        O pior é que no futuro, ao invés de vislumbrar uma saída com o advento tecnológico do mundo virtual dos computadores e internet, minhas incertezas só aumentarão.
         Por enquanto vou me deliciando com a vida que vivo, na minha santa ignorância, não esquecendo Sócrates em seu ¨Só sei que nada sei¨, ou  Omar khayyam em seus Rubaiyat:
¨Mestres e sábios morreram sem se entenderem sobre o Ser e o Não Ser. Nós, ignorantes, vamos apanhar as tenras uvas. Que os grandes homens se regalem com as passas¨.  

¨Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto.
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe...
E cala. O mais é nada¨.

Marco Antônio Abreu Florentino
Marco Florentino
Enviado por Marco Florentino em 17/07/2015
Alterado em 18/10/2015
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