NIETZSCHE - Gênio ou Louco?
Vida, pensamento e obra
Resumido por Marco Antônio Abreu Florentino

            A biografia de Nietzsche é, realmente, fascinante. Portador de doença neuropsiquiátrica, fato que induz os inimigos de sua filosofia, como os religiosos (padres e pastores), a afirmarem que era um louco.
            Apaixonou-se perdidamente por Cosima, mulher do seu ídolo e depois amigo Wagner, genial compositor alemão.
            Tendo estudado profundamente teologia no início da sua vida, voltou-se ferozmente contra os valores morais e religiosos tradicionais, anunciando a morte de Deus, este sim, o acontecimento que divide a história da humanidade e não o nascimento de Cristo, criando a figura de Zaratustra, que sobre as cinzas de Deus erguerá a ideia do Super-Homem, um homem novo, liberto, impregnado do ideal Dionisíaco. A propósito, o trágico grego das aparentes oposições entre Dionísio e Apolo, teve forte influência em Freud, na elaboração da sua teoria psicanalítica do inconsciente - ID (Dionísio) e SUPEREGO (Apolo).
            Na verdade, faz distinção entre cristianismo e Jesus. A este respeitava como o mais nobre e sublime que jamais existiu.
            ¨São os tempos de grande perigo em que aparecem os filósofos. Então,quando a roda rola com sempre mais rapidez, eles e a arte tomam o lugar dos mitos em extinção. Mas projetam-se muito à frente, pois só muito devagar a atenção dos contemporâneos para eles se volta. Um povo consciente de seus perigos gera um gênio¨. Com esse aforismo, podemos ter uma vaga compreensão deste fenomenal pensador.
            Nietzsche não era do seu tempo. Dizia que sua filosofia somente seria compreendida após 200 anos. É um dos mais controvertidos filósofos contemporâneos.
            Sua obra revela uma dupla face: de um lado, presa ao séc. XIX ao propor uma cosmologia que dê conta da constituição do mundo. Do outro é extemporânea, ao inaugurar uma genealogia como arma de ataque à sua época. Corajosa, ao criticar os valores morais, descarta uma grande quantidade de preconceitos. Corretiva, ao apontar a falta de sentido das nossas convicções milenares. Libertadora, ao desobrigar-nos dos princípios vãos. Foi descoberto no Brasil por Antônio Cândido.
            Quanto ao cristianismo, combate acirradamente desde sua influência platônica ao principal responsável pela sua difusão - Paulo, alegando ser uma doutrina que concebe o mundo terrestre como um vale de lágrimas, enfraquecendo o homem com valores como humildade, caridade, compaixão, sublimação do sofrimento... tudo inventado pelos escravos e vencidos na vida, criando um além ao lado de Deus para compensar a miséria, em contraposição à vontade de potência do homem, que busca na transmutação natural dos valores, o belo, a sabedoria , o bom.
           PARA PENSAR: principalmente aqueles que acreditam nas ideias de Kardec: Nietzsche teve a visão do ETERNO RETORNO. Tudo retorna sem cessar. Tudo já existiu e tornará a existir. Cada instante retorna um número infinito de vezes. O Universo é animado por um movimento circular que não tem fim, passando indefinidamente pela alternância da criação e da destruição, da alegria e do sofrimento,do bem e do mal.  
            Nietzsche morreu considerado louco.

Marco Antônio Abreu Florentino